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Nota Oficial da Faculdade de Educação

Em 01/04/22 13:07. Atualizada em 01/04/22 13:07.

Sobre a greve dos trabalhadores e trabalhadoras da Educação do município de Goiânia

Nós, docentes da Faculdade de Educação da UFG, nos manifestamos publicamente a respeito de medidas que atingem a educação no Brasil. É impossível nos calarmos diante de ingerências maléficas para com a educação pública e, ainda que existam outros motivos para registrarmos nesta nota, elegemos dois fatos urgentes: o movimento denunciado na imprensa sobre o Ministério da Educação e Cultura [MEC] e a justa greve de trabalhadoras/es da educação em Goiânia.

Não é de agora que grupos religiosos fundamentalistas ocupam espaços largos na gestão nacional [2019-2022] e são responsáveis por movimentos que inclui negacionismo, desrespeito as ciências, aos direitos humanos e controle de profissionais colocados sem concursos nos espaços públicos de educar. Os acontecimentos envolvendo o MEC, que incluiu a saída do ministro nesta última semana de março de 2022, resulta da falta de transparência e de lisura com explícito desvio de dinheiro público para a feira religiosa de igrejas evangélicas. A compra de bíblias e demais itens não laico para uso nas escolas públicas, é mais uma cortina de fumaça para este palco de corrupção.

Em um momento que falta atenção, cuidado e verbas nas escolas, após um grande período de isolamento em razão da pandemia e do descaso governamental, essas ações comprometem ainda mais a qualidade do ensino e do direito ao conhecimento. No retorno presencial, essas assimetrias se fizeram presentes, apontando a ausência de planejamento que favorece desvios criminosos e intencionais de verbas de direito da educação para finalidades injustificáveis. Manter o poder nas mãos de grupos que não pensam a educação como direito e autonomia, é projeto deste Governo.

Em Goiânia, vivemos um retorno presencial tenso, pois a gestão municipal, que também pertence a grupos conservadores religiosos, ignora o direito conquistado pela classe trabalhadora da educação. A categoria enfrenta uma greve que reivindica o cumprimento do reajuste do piso salarial, que é lei, a urgência de resolver as irregularidades do Instituto de Assistência à Saúde (IMAS) que levou a suspensão de atendimentos do plano, assim como o pagamento dos quinquênios atrasados, agilidade nos processos de titularidade e a urgência da construção de Plano de Carreira dos servidores administrativos e vagas reais para concurso público. A prisão arbitrária de dois professores da Rede Municipal que exerciam o direito democrático da histórica luta, é mais uma forma de tentar intimidar a categoria que resiste bravamente as imposições autoritárias desta gestão.

Nosso inteiro apoio e solidariedade as/os colegas da Rede Municipal de Ensino de Goiânia, consideramos justas as reivindicações da categoria e repudiamos qualquer gestão que não se compromete com a educação pública. A Faculdade de Educação, no compromisso de atuar na formação inicial e continuada de pessoas que atuam no magistério, se junta na luta e convida toda a cidade de Goiânia para refletir criticamente sobre a gravidade do que está acontecendo. Nos juntamos, sempre, cumprindo o papel de uma universidade pública, na luta diária pela educação laica, de justiça social e de qualidade socialmente referenciada.


Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás
31 de Março de 2022.

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