Criação em Redes

Entendendo que a EAD possui caráter democratizador e buscando dinamizar esta modalidade de ensino que ora apresenta propostas preliminares como o curso de Gestão Educacional implantado pela UNIVIR, a proposta de um trabalho integrado entre a Faculdade de Educação- UFG e os quatro Pólos da rede infovias pretende, também, criar materiais para uso em EAD em impresso, para formação inicial e continuada de professores.

Estudos e discussões realizados na FE acerca da EAD tem apontado a ausência de subsídios teórico-metodológicos para a análise e elaboração de materiais para esse tipo de ensino, haja vista que os materiais disponíveis nem sempre apresentam a qualidade conceitual e pedagógica necessária e esperada.

Demonstrando interesse em estar sintonizado com os novos tempos, o que também já estava expresso no Plano de Desenvolvimento Científico e Tecnológico na Plataforma "Políticas Educacionais" quando sugere a implantação de um Centro de Educação a Distância (p.111) e de um Centro de Análise e Criação de Produtos Educativos, este projeto buscará congregar os conhecimentos dos diferentes Pólos no processo de análise e produção de materiais.

Neste sentido, a Didática enquanto disciplina que estuda o ensino, não pode ignorar as transformações provocadas pelas inovações tecnológicas nas relações cognitivas e comunicativas que ocorrem nos processos de aprender e ensinar. A ela compete criar mecanismos para intervir nesses processos que se fazem presentes no ensino presencial e também a distância. Uma possibilidade para isso seria a constituição de espaços para estudos e atividades práticas sobre a EAD, especificamente no tocante a temáticas da área de Didática e Prática de Ensino (DPE) em cursos de formação de professores. Diante dessa possibilidade, a pesquisa apresentada neste projeto pretende investigar como a Didática pode propor formas de condução do ensino face as tecnologias de comunicação inseridas no cotidiano escolar.

Desde a década de 80 a Didática tem sido alvo de discussões, debates, estudos e pesquisas haja vista seu caráter, até a data de hoje, preponderantemente instrumental. Tais estudos e pesquisas tem apontado diferentes alternativas de superação deste caráter, sendo uma delas a concepção de pesquisa ação, a qual tem propiciado investigação e proporcionado ao futuro professor o contato direto com a realidade escolar, o que o leva à análise crítico-reflexiva sobre o cotidiano da escola e da sala de aula.

Para isso, é preciso a compreensão da prática pedagógica como propulsora da transformação do cotidiano, que ao mesmo tempo se constrói e se transforma em prática reflexiva. Assim, atribuímos um grande valor à pesquisa como mediadora na formação de professores e como um recurso didático que efetivamente favorece uma atuação na qual haja articulação entre teoria e prática.

Os procedimentos adotados para desenvolvimento dessa proposta, no ensino presencial, concretiza-se na articulação entre o ensino e a pesquisa, proporcionando uma nova dimensão ao ato de ensinar e de aprender. Temos constatado, em nossa prática docente, que o exercício da pesquisa em um curso de formação de professores propicia, especificamente, ao aluno um conjunto de habilidades que corresponde ao perfil do profissional requerido pela sociedade contemporânea.

Defender que é preciso articular teoria e prática na formação do professor, especificamente na D.P.E., parece anunciar um discurso muito simples e óbvio, mas é no momento da vivência, no "saber fazer" que essa articulação se coloca como o desafio maior. "Saber fazer" a articulação entre os saberes dos alunos estagiários, os saberes dos alunos da escola campo, dos professores, dos coordenadores, dos diretores e entre outros saberes ainda não assimilados requer do professor de D.P.E. um cabedal de conhecimento profundo dos nexos constitutivos da realidade escolar e do ensino propriamente dito.

Entendemos que o saber fazer não se reduz ao modo de ensinar fundamentado apenas na experiência pessoal. Exige a abstração do concreto vivido. Isso implica que o professor de D.P.E. deve ter capacidade não só de articular os conhecimentos trazidos pelos alunos estagiários com os conteúdos específicos e/ou com a realidade da escola de ensino fundamental e médio, mas também de perceber o processo didático como uma relação que se estabelece entre alunos, professores e o conteúdo ou saber escolar. Atentar para essas competências faz-se necessário, quando se pretende formar um profissional capaz de perceber a realidade, problematizá-la e propor soluções para os desafios inerentes ao processo educativo.

Concordamos com Nóvoa(1992) que considera necessário à preparação do docente o equilíbrio entre as três dimensões essenciais dessa formação - a preparação acadêmica, a preparação profissional e a prática profissional -, quando se tem em vista um docente autônomo e crítico-reflexivo. Nesse processo de formação, é necessário que os professores e os futuros docentes sejam considerados como sujeitos construtores do projeto educativo em que estão envolvidos. Neste sentido, a própria prática pedagógica do professor que atua em cursos de formação docente é um elemento importante nessa formação, pois ela expressa a concepção de trabalho docente, ensino e de formação que ele adota. Sua prática deve ser coerente, portanto, com a teoria que a sustenta.

Considerando os elementos acima abordados este projeto tem o propósito de produzir materiais impressos no campo da Didática e da Prática de Ensino para cursos de formação de professores, tanto para o ensino presencial como o ensino a distância a partir de intercâmbio e produção coletiva envolvendo professores de diferentes instituições de ensino superior. Esta produção coletiva dar-se-á nos seguintes momentos:

-a escolha das temáticas deverá ser feita entre os professores participantes de cada Pólo;
-a escolha de um coordenador para este projeto em cada Pólo;
-durante os estudos e produção dos materiais didáticos haverá intercâmbio permanente entre os Pólos, no intuito de buscar contribuições da produção acadêmica existente em cada Pólo;
-a produção de cada Pólo será discutida, também, em encontros presenciais a serem definidos pelos paticipantes.

Na verdade, para que tais materiais didático-pedagógicos possam ser utilizados no ensino a distância, a linguagem e metodologia deverá ser adequada a essa modalidade de ensino, seja para formação inicial ou continuada de professores.

Considerando os aspectos já abordados propomos, ainda, que seja realizados encontros semestrais, presenciais, entre os participantes dos Pólos para avaliação e redimensionamento do projeto.